quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Criando um aquário plantado para Kinguios

Minha intenção com este texto é mostrar que é possível manter Kinguios em aquários densamente plantados e com companhia de outros peixes. Sabemos que Kinguios são comedores de plantas, adoram revirar o fundo do aquário, mas isso não impede definitivamente que possam se mantidos em aquários plantados. As plantas produzem oxigénio, absorvem o dióxido de carbono produzido pelos peixes e ajudam na renovação dos detritos orgânicos. É esta a capacidade que permite às plantas contribuírem de uma forma decisiva para a criação de um ambiente estável no aquário, então por que não utilizá-las em nossos aquários de Kinguios? Não estou no papel de dono da verdade, só quero mostrar que é possível montar um aquário com Kinguios, plantas e outros peixes em perfeita harmonia. Sempre que leio relatos de pessoas que não tiveram sucesso com aquário plantado e Kinguios, os problemas são sempre os mesmos: “No dia seguinte as plantas amanheceram boiando”; “Meus Kinguios devoraram minhas plantas”, etc.
Bem, embora seja perfeitamente possível manter kinguios e plantas, temos que ter em mente que, estamos lidando com herbívoros grandes, então se você for introduzindo plantas de uma hora para outra, estará servindo apenas um lanche para estes carinhas. Antes de mais nada, quero deixar claro que estou falando de aquários densamente plantados, com camada fértil e injeção de CO2 e não aquário com plantas, sendo assim, devemos fazer um pequeno planejamento, onde cada planta além de decorar o aquário, terá uma função de minimizar ação dos nossos Kinguios. Kinguios gostam de revolver o fundo do aquário, então plantas recém-plantadas ou frágeis não terão muitas chances, além disso, este hábito pode levar a exposição da camada fértil gerando uma explosão de algas e/ou colapso no sistema. Devemos começar escolhendo o substrato, gosto muito de laterita + húmus + areia lavada, e por se tratar de uma combinação barata e de fácil aquisição estarei me referindo a esta, embora nada impeça que sejam feitas substituições da camada fértil. Na camada fértil, utilizo o procedimento comum, camada 1 cm de cascalho de laterita, 2 cm de húmus. É na camada inerte que vem a modificação: uma camada de cerca de 1cm de areia lavada, uma camada de seixos com granulometria média de 1 cm e uma nova camada de areia lavada com altura mínima de 3 cm. A função dos seixos é criar uma região de difícil acesso caso os Kinguios venham a conseguir vencer a primeira camada. Após escolha e disposição do substrato, vamos escolher as pedras e troncos. As pedras não devem ser pontiagudas, nem mesmo serem muito ásperas, uma boa sugestão é a utilização de seixos de rio, que devem ser bem apoiados para evitar que se desloquem e acabem prendendo algum kinguio. Evite também formação de grutas muito apertadas ou de difícil saída, tanto pelo motivo anterior como para evitar que se machuquem. Quanto à utilização de troncos, só recomendo se os mesmos já estiverem bem curtidos em aquário, para evitar que acidifiquem muito a água. Agora vamos à escolha das primeiras plantas. Um carpete deve ser formado para proteger o substrato de forma a impedir que os Kinguios tenham acesso. Neste caso utilizar um substrato com plantas de folhas resistentes e de altura próxima de 6 cm é muito importante para este fim. Como boas opções destaco as seguintes plantas: Echinodorus portoalegrensis, Echinodorus tenellus, Echinodorus quadricostatus, Echinodorus parviflorus, Eleocharis parvula, Sagittaria subulata e Sagittaria subulata forma pusilla.
Os peixes só devem ser introduzidos no aquário após o carpete ter fechado todo substrato, esse é um dos motivos pelo qual não acho muito bom que sejam utilizadas plantas de crescimento lendo para este fim, visto que o tempo de espera pode ser muito longo. O próximo passo é proteger as demais plantas, do apetite dos gordinhos; para isso, uma planta de crescimento rápido e folhas macias pode ajudar muito. Recomendo que, se possível, sejam introduzidos alguns ramos no aquário onde estão os Kinguios, pois como estes não tem contato com plantas a muito tempo, e nem sempre tem sua dieta herbívora totalmente satisfeita, possam reduzir seu interesse. Neste ponto também recomendo que a ração dada aos peixes seja rica em spirulina, pois reduz o apetite por plantas. As plantas que julgo mais adequadas para este fim são: Hygrophila corymbosa (Blume), Hygrophila corymbosa (Siamesis), Hygrophila corymbosa (Stricta), Hygrophila difformis, Hygrophila difformis (Variegata), Hygrophila polysperma, Higrophila polysperma (Ceylon), Hygrophila polysperma (Sunser), Elódeas (Egeria densa), Rabos-de-Raposa (Ceratophyllum demersum), Samambaias-d'Água (Ceratopteris thalictroides), Cabombas (Cabomba caroliniana) dentre outras. Agora, vamos falar de pH. Em aquários densamente plantados é muito importante a injeção de CO2, e como o CO2 reduz o pH, alguns cuidados devem ser tomados. Kinguios podem ser mantidos em uma faixa de pH que vai de 7.0 à 7.6, neste caso, em aquários densamente plantados é mais fácil mantê-los com pH 7.0. Mas isso não é tudo, pois em minha experiência com estes peixes verifiquei que os mesmos quando mantidos em pH ácido tendem a desenvolver-se mal, bem como ficam mais suscetíveis às doenças. Sendo assim, é necessário que este pH seja bem estável, para isso recomendo um kH por volta de 5 à 6 dH. Uma forma de manter o pH, além do que foi descrito, é utilizando um pequeno sachê de pó de ostras no filtro, a dificuldade neste método é a quantidade, mas com um pouco de paciência você consegue dosar de forma eficiente. Quase esqueci de um outro ponto muito importante, não só para aquários plantados de Kinguios, mas para qualquer plantado. A iluminação intensa, necessária para se manter algumas plantas deve ser minimizada em alguns pontos, ou seja é de suma importância que os peixes tenham locais de sombra para descansarem da luz. Umas das melhores plantas que encontrei para este fim são: Nymphaea amazonum, Nymphaea lotus, Nymphaea sp., Nymphoides aquática, Nymphoides cristata. Lembrando que estas plantas exigem podas regulares para evitar que venham assombrear as plantas. Falamos de plantas, de substrato, mas e a companhia? “Kinguios só devem ser mantidos com kinguios”, na minha opinião, não está totalmente correto. É fato que Kinguios são lentos e por possuírem caudas longas serão atacados por outros peixes. Mas isso não é uma regra, pois existem peixes que não tem hábito de perseguir e mordiscar. Dentre os peixes que podem conviver bem com Kinguios estão as Coridoras, ou mesmo os Cascudos, que devem ser compatíveis com o tamanho dos kinguios para evitar que estes tentem bancar o Oscar, e os Tanictys. Estes últimos, para mim, são as melhores opções, pois podem viver em parâmetros muito semelhantes, além de serem calmos e rápido para o caso de algum Kinguio querer fazer um lanche.
Verifiquei vários pontos positivos na associação de Kinguios com Tanictys, dentre elas a que mais me chamou a atenção foi o fato dos Tanictys nadarem lado a lado com os kinguios, aparentando mordiscá-los no corpo. Inicialmente interpretei como agressão, mas notei que alguns kinguios aproximavam-se do cardume de Tanictys e ficavam esperando por este comportamento, como isso fosse agradável. Mantenho meu aquário à bastante tempo sem problemas e meus peixes estão indo muito bem. Tenho certeza que seus kinguios seriam mais felizes se pudessem contar com os benefícios das plantas e companheiros em seu aquário. Espero que tenham gostado do texto, peço desculpas pelos erros, mas não sou muito bom nisso, hehehehe. Um abraço.

Nenhum comentário:

Postar um comentário